terça-feira, 26 de agosto de 2008

Quintana para as almas famintas...

Eu ouço música como quem apanha chuva:
resignado e triste de saber que existe um mundo do Outro Mundo...
Eu ouço música como quem está morto
e sente já um profundo desconforto
de me verem ainda neste mundo de cá...
Perdoai, maestros, meu estranho ar!
Eu ouço música como um anjo doente que não pode voar.
Mário Quintana

2 comentários:

Cris Carvalho disse...

Dani, tou me sentindo em casa!

Cris Carvalho disse...

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana